sexta-feira, 1 de março de 2013

1 de março - Dia Internacional para a Abolição da Pena de Morte


 
Assinala-se hoje o Dia Internacional para a Abolição da Pena de Morte, sendo premente referir que Portugal foi pioneiro na abolição da pena de morte e na renúncia à sua execução mesmo antes de abolida. Aliás, a 10 de Julho de 1867, o escritor francês Victor Hugo envia ao Diário de Notícias a seguinte carta:

“Está, pois, a pena de morte abolida nesse nobre Portugal, pequeno povo que tem uma grande história! Penhora-me a recordação da honra que me cabe nessa vitória ilustre. Humilde operário do progresso, cada novo passo que ele avança faz-me pulsar o coração. Este é sublime. Abolir a morte legal deixando à morte divina todo o seu mistério é um progresso augusto entre todos. Felicito o vosso Parlamento, os vossos pensadores, os vossos escritores e os vossos filósofos. Felicito a vossa Nação. Portugal dá exemplo à Europa. Desfruta de antemão essa imensa glória. A Europa imitará Portugal."

 
Atualmente, os números sobre a pena de morte continuam a ser preocupantes: 20 000 pessoas contam os dias até que o Estado lhes tire a vida. A pena de morte é a negação dos direitos humanos, sendo aplicada, frequentemente, de uma forma discriminatória, no seguimento de julgamentos injustos ou por motivos políticos.
Num mundo que continua a afastar-se do uso da pena de morte, é uma gritante anormalidade que a China, a Arábia Saudita, o Irão, o Iraque e os EUA continuem a sobressair pelo uso extremo desta forma de punição, sendo os países que mais executam pessoas a nível mundial. Mas, a boa notícia é que mais de 140 países aboliram a pena capital, número que vem aumentando todos os anos. A Amnistia Internacional sublinha, no entanto, que nem todos os números são conhecidos.
Na China, onde milhares de execuções são realizadas anualmente, os dados sobre as condenações à morte são segredo de Estado, pelo que se desconhece a sua real dimensão. Em 2011 terão sido executadas entre 4 000 e 8 000 pessoas.
No caso do Irão, o total oficial de execuções até setembro ascende a 182, embora se estimem pelo menos 100 outros casos, não confirmados.
Somam-se as execuções no Iraque - quase outras 100 mais - e as 30 registadas nos EUA.
Na Arábia Saudita, 82 pessoas foram executadas em 2011.
Um outro país sobressai pela negativa. De facto, após dois anos sem aplicar a pena de morte, o Japão regressou às execuções no final de março, tendo sido enforcadas sete pessoas desde então. No país, mais de 85% da população apoia a sentença.
A pena de morte não é uma questão abstrata e teórica. Na verdade falamos de seres humanos, homens e mulheres que são tratados indiferentemente e condenados à morte. A discriminação sobre indivíduos condenados à morte, o risco, sempre presente, de executar um inocente e a aplicação de julgamentos injustos na administração da pena capital, conduzem a uma realidade inaceitável!

 Professora Guida Lopes

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