Tal como é tradição, mais uma vez este ano os alcainenses puderam assistir ao acender da fogueira (ou madeiro) em Alcains, na noite de Natal. Tal como é costume, a lenha foi recolhida pelos rapazes do "número", ou seja, daqueles que estão em idade de ir à Tropa (cumprir o serviço militar). Desta vez, foram os nascidos em 1991!
Como o largo disponível para a fogueira agora é bem maior do que antigamente, o tamanho da fogueira tem crescido nos últimos anos e, consequentemente, o espectáculo também. Este ano, felizmente, a madeira ardeu bem, com rapidez, não tendo sido necessário recorrer em excesso ao uso de combustível (sempre poluente) e os rapazes (e raparigas) de 91 puderam cumprir o que prometeram publicamente: conseguir este ano uma fogueira mais ecológica! Correu bem o madeiro de 2010 e a Malta de 19991 está de parabéns!
Estando as tradicionais fogueiras ligadas ao religiosismo pagão e aos rituais de passagem (de iniciação na vida adulta dos jovens de uma comunidade), em Alcains tal não é excepção. Há muitos anos atrás eram os pastores e ganhões que disputavam a elaboração da fogueira, mais tarde passaram a ser os rapazes que iam à tropa e tal assim acontece ainda hoje.
Quando a fogueira era feita em frente à igreja, o espaço era reduzido e as fogueiras não muito grandes, pois a lenha era acartada com carros de bois. Mesmo assim, num ano em que terá sido maior, o sino caiu e teve de ser reparado (daí agora estar menor e o seu som já não ser tão bom). Nos últimos anos em que a fogueira ainda se realizou em frente à igreja, muitas casas ficaram com os vidros partidos e com a tinta das paredes e portas danificadas, pelo que, apesar da contestação de alguns, foi bom ter sido mudado o local, que é agora muito mais apropriado e menos perigoso.
O que talvez muita gente não saiba, é que até há cerca de 50 anos atrás, em Alcains não havia só a fogueira do Menino Jesus, mas também a fogueira de Nossa Senhora, padroeira de Portugal e da nossa vila, no dia 8 de Dezembro. Era feita pelos lavradores e ganhões, que eram normalmente "festeiros". Quando a festa de N. Sª deixou de ter festeiros, acabou-se a fogueira nessa data e ficou apenas da noite de Natal.
(este texto foi escrito para o blogue Malta de 64)
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